O Dia, O Povo e hoje, o G1 e companhia
Sou do tempo da imprensa impressa. Aliás, impressa em chumbo, linotipo, offset e atualmente, digital.
Percorri nesses 60 anos de idade toda essa revolução industrial, mecânica e tecnológica. Algo raro para qualquer outra geração, posterior à minha e a de mais duas ou três antes da nossa, melhor dizendo.
Verdade é, voltando ao assunto imprensa e sua relação com o título de nossa articulação, que na minha infância e juventude, o Jornal O DIA, muito conhecido até hoje, se tornou famoso pelo chavão popular que dizia que se o tablóide fosse torcido, como que uma lavadeira fazia com as roupas, naquela ocasião, sairia sangue, tamanha às matérias, títulos, fotos e a repercussão dada pela editoria policial. Seus concorrentes, O Fluminense (Niterói), recatado e mais regionalizado; Última Hora, a mesma coisa; Tribuna da Imprensa, um pouco mais ousado; O Globo, "uma espécie de mauricinho" da comunicação e o Jornal do Brasil, com uma linha mais tradicional, prolixa, com matérias longas e rejeitado pela grande massa de leitores, já ostentavam respeito e certa grandeza, sem esquecer ainda, do tradicionalíssimo Jornal do Comércio, com uma linha editorial exclusiva em negócios e economia.
Com o advento do emergente, porém, popular, jornal O POVO do Rio de Janeiro, o jornal O DIA cede sua editoria de sangue àquele e, já consolidado como um matutino popular, segue seu rumo, obrigando às Organizações Globo a lançar o jornal EXTRA, nos mesmos padrões de O DIA, com o mercado de comunicação, passando por uma grande metamorfose, a ponto de duas tentativas, mais populares ainda, serem criadas, pelos então, grandes concorrentes populares (Meia Hora e Expresso da Notícia).
Na cidade do Rio de Janeiro, Grande Rio e Baixada Fluminense, o quadro acima desenhado, muito embora tenha passado por uma queda muito grande de consumo, ainda subsiste e/ou capenga, se não assim podemos dizer.
Isso porquê, com a digitalização da informação e a chegada da Rede Mundial de Computadores, mesmo ainda não solidificada, a metamorfose da comunicação no Brasil e até internacionalmente, atingiu o ápice da velocidade, subsistindo poucos órgãos, agências e instrumentos noticiosos específicos, dando lugar às redações virtuais, ao copy desk virtual e a reprodução de informações, com respectivos créditos, quando assim for exigido o direito de exclusividade, que ao nosso entender é um absurdo, o monopólio da comunicação, mas, vá lá que seja.
Enfim, atualmente, tamanha, ou melhor dizendo, ínfima às informações exclusivas, não restou às Organizações Globo, como locomotiva e os demais informativos virtualizados, optar pelo jornalismo da desgraça, do crime, da contravenção da improbidade e, pasmem, do velho obituário de personalidades, que vêm acumulando views e likes dos leitores em geral.
Ou seja, o que um dia já foi sensacionalismo para alguns jornais se estabelecerem no mercado, hoje se tornou principal produto de capa virtual dos grandes grupos jornalísticos do mundo inteiro.
Às guerras, desgraças, mortes, mal feitos, crimes e a violência se tornaram protagonistas das principais editorias do Brasil e do Mundo.
O jornalismo inteligente, formador de opinião, educativo e compromissado com o bem comum, ou seja, nem faço uso das palavras, ética e moral (questionadas e preconceituadas pela sociedade contemporânea), pouco subsiste, se é que subsiste.
Oxalá eu esteja enganado...
*Reisinaldo Martins Esteves, advogado, professor, jornalista, radialista e formado e diplomado em políticas públicas e estratégias, pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra do Brasil.
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